05 agosto 2007

08-Diário Não-ficcional Rússia - Julho/07

Dia 7, ele ainda existe.

Demorei a dormir e a noite foi de curtos cochilos, mas dormi bem. Acordei por volta das 5 da manhã, por uma mensagem em meu celular de uma amiga no Brasil. Voltei a dormir e por alguns minutos não perco o horário.

O combinado era sairmos do seminário e irmos tomar café no hotel em que passaremos a semana. Tudo correu bem e aqui encontramos mais alguns adolescente e outros instrutores. Ao todo são dezesseis adolescentes, dez meninas e seis meninos, e 12 instrutores. O número pode parecer alto, mas todo cuidado é necessário - Ainda mais porque sei o perigo que eu fui nessa idade. Ahhhh! Que saudades dos meus 15 anos e conseguia "me virar" com uma mesada de R$ 30,00. Bom, essa é outra história.

Tomamos café com todos. Reencontrei minha amiga, agora de volta da China, e estava meio perdido no meio de tantos jovens russos. As atividades da manhã, ou de hoje, eram focadas em Team Building. Ou seja, muitas atividades em grupo, como pequenas gincanas e papos em grupo. Não é todo mundo aqui que fala inglês, mas a maioria entende e isso já é um começo. Quando falei que a linguagem é um dos pilares da comunicação, eu estava certo. Como não posso confiar em meus ouvidos, sou obrigado a ler toda e qualquer expressão corporal/facial que tiver a sorte de ver. Infelizmente não sou mestre nisso e acho que é impossível entender tudo o que se passa. Sinto-me como Bill Murray no filme Lost in Translation. Quanto presto atenção sei o que esta acontecendo e tudo que passa a minha volta e, além disso, como não reparar na instrutora russa, que tem uma Nikon (máquina fotográfica)?

Depois dessas atividades, os jovens foram divididos em grupo e cada grupo estava encarregado de montar uma empresa. Na verdade apenas o nome da empresa, um slogan e um segmento do mercado gráfico que atuaria (embalagem, editorial e etc). Eu também entrei em um grupo, composto de quatro adolescentes (três garotas e um garoto) e três instrutores, comigo. Fomos para um quarto e fizemos um "Brainstorm" até chegarmos a um nome e slogan. Enquanto prestava atenção em tudo, sugeri algo que levou a escolha do nome da gráfica dos futuros gráficos. O nome escolhido foi "COLOURIZE" e sugeri o slogan: We colour your rise. É o melhor que um não-marketeiro consegue fazer. Os grupos foram reunidos, as empresas foram apresentadas e chegamos em quarto lugar, de quatro grupos. Senti certo desapontamento nos adolescentes, mas uma boa conversa sobre isso, que tivemos no final do dia, já apagou isso deles e até, aparentemente, os motivou.

O dia seguiu com diversas atividades em grupo, como: Danças, bate-papos, almoço, jantar e etc. A penúltima atividade foi a dança e todos esperavam um "show" de dança do brasileiro aqui. Como sei que "Hips don't lie", não fiz feio e me diverti com todo mundo. Os dois jovens não quiseram participar e adivinhem quais? Sim, os dois garotos do trem, mas eles já estão se mais colegas com todos os demais e, inclusive, dividem o quarto comigo e com outro funcionário russo.

Reunimo-nos, os membros do grupo, no quarto das garotas. A última atividade do dia consistia em acender uma vela e falar algumas palavras sobre o dia. Infelizmente só posso escrever o que disse e foi algo sobre a importância de estar aqui e como todos precisamos de um tempo sozinhos para pensar em nós mesmos e nos conhecermos. Falei que gosto de usar o momento em que me deito até o momento de dormir para pensar sobre o dia. Quando nos conhecemos somos pessoas melhores. Embora meu corpo estivesse cansado, minha cabeça não estava. Fui para o meu quarto e comecei a escrever. Sergey (funcionário da empresa que trabalho e que divido o quarto) disse que alguns funcionários iriam até a filial de São Petersburgo para trabalhar um pouco. Eu disse que ficaria por aqui e depois dormiria. Cinco minutos depois da saída de Sergey, Ekaterina me liga e diz: "Vamos? Vamos trabalhar e depois vamos tomar uma cerveja". Claro, que topei! Afinal, acho que não estava tão cansado assim.

São Petersburgo é linda. Completamente diferente de Moscou. É um Rio de Janeiro. Milhares de turistas passeiam pelas ruas admirando a arquitetura, igrejas, barcos, pontes, a fonte cantante (aquele lance que tem no lago do Ibirapuera) e etc. Pouco sei da cidade e sua história, mas como permanecerei por aqui alguns dias mais...

O escritório fica em frente de um, dos muitos, canais que existem em São Petersburgo. Trabalhar aqui deve ser muito gostoso. A vista dos barquinhos e a beleza do prédio já devem contar como adicionais trabalhistas. A vida não é só feita de diversão e fomos comprar o café da manhã das "crianças" para a manhã seguinte. Nada em especial, mas já eram mais de meia-noite e nem havia percebido. Esse céu verão, com sol até às 23 horas, engana. Compras feitas e fomos celebrar o primeiro dia treinamento. Paramos em um café-bar. A cidade fervia, percebi que havia muitos transeuntes vestidos como marinheiros e descobri que hoje era o dia da Marinha, por aqui. Não pude evitar imagina-los cantando sucessos do Village People em algum karaokê. Tomamos uma cerveja e fizemos o agradecimento da vela, que consiste de, também, passar a vela e agradecer, mas dessa vez seriam só alguns funcionários. De algum modo causei boa impressão aqui: mesmo sem falar uma boa frase, em russo. Voltamos para o Hotel por volta das 02h30, estou cansado, mas muito feliz com a experiência.


Cansado, mas ainda vivo.

Paká

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