O despertador grita e avisa que é hora de acordar. São 5h15 da manhã. Aperto o snooze e não penso em nada. São 5h24 e o despertador, novamente, enche o quarto com seu canto. Snooze. São 5h33, 5h42, 5h51, 6h00. Acordo, mas não me movo.
Do lado de fora o dia começa aos poucos. Carros passam, crianças gritam e é bonito, o vento esmurra gotas de chuva no alumínio da janela e eu aqui dentro. Meu corpo pesa sobre a cama. Apanho meu celular e procuro as novidades do dia. Tudo como sempre. Mesmas fotos, mesmos assuntos, mesmas reclamações. De saco cheio.
Deitado no escuro, percebo sua chegada. Corro para o banheiro, regurgito meu conteúdo gástrico. Não há nada lá. Só o mal-estar. Volto para cama e tento encontrar motivo para tomar café. Sei que passarei mal novamente.
Meu peito segue pesado. Checo o celular. Tudo como sempre. Faço um café. Minha cabeça antecipa o vômito. Tomo o café. Sento no sofá. Mal-estar. Corro para o banheiro. Tchau café. Me deito e espero a cabeça parar de girar. Quanta angústia. Meu peito pesa. Ela não escreveu. Deve estar dormindo. Deve ser isso. Volto para a sala. Tomo banho. Vômito e shampoo. Respiro fundo e escovo os dentes.
No trânsito, ouço minhas músicas. O aleatório me faz chorar cantando sobre a Via-Láctea. Me sinto tão sozinho. Não quero mais ser que eu sou. Dor no peito. Angústia. Caralho!
Elevador e o dólar subiu, ou desceu. Foda-se! Não me importo. Bom dias! Sento-me e leio as notícias do dia. Tudo como sempre. Deveria estar trabalhando. Almoço. Repetição. Carro. Casa. Passar o tempo. Você. Vou dormir. Repetição amanhã.
Caralho!