03 abril 2010

O fim, sozinho, não diz nada.



Talvez este post deveria começar com o aviso de "Contém Spoilers", porém prefiro algo mais prático como: Leia por sua conta e risco!

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Sou um leitor preguiçoso. Não sei qual o meu estilo predileto de leitura. Leio o que posso, como posso e sem critério algum.

Dentro dessa desordem tenho apenas uma ordem. Leio, SEMPRE, primeiro a última frase do livro que me proponho a ler. Muitos acham essa "mania" um tanto estranha, mas me é claro que apenas o fim nada diz.

Abaixo um TOP 5 com as melhores últimas frases dos poucos livros que li.

1) "I carry a lot of scars" - The Beach, de Alex Garland

2)"- Sabe o que vou fazer, Flora? Parar de fumar - decidiu, atirando o maço pela janela" - Aos meus amigos, de Maria Adelaide de Amaral.

3)"...mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco" - A revolução dos bichos, de George Orwell

4)"De qualquer forma é bom lembrar que, mesmo eu morto, alguém como eu sempre poderá estar perto de você" - Diário do Farol, de João Ubaldo Ribeiro.

5)"Porque a revolução é uma pátria e uma família"- Capitães da Areia, de Jorge Amado.

Agora estou lendo "O nome da Rosa", de Umberto Eco e, obviamente, já li a última frase: "Está fazendo frio no scriptorium, dói-me o polegar, deixo esta escritura, não sei para quem, não sei mais sobre o quê: stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus.".

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Outras boas frases finais que não estão no meu TOP 5, mas merecem respeito.

"Entretanto, antes de chegar ao verso final já tinha comprendido que não sairia nunca daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos )ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no instante em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo o que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra"- Cem anos de Solidão, de Gabriel García Márquez.

"E a mulher amada, de quem eu já sorvera o leite, me deu de beber a água com que havia lavado sua blusa". - Budapeste, de Chico Buarque.

"Talvez um dia eu venha a contar estas últimas aventuras, bem como algumas outras histórias um pouco banais que não couberam nesta narrativa" - Papillon, de Henri Chariere

"Via somente a água barrenta e ouvia: BIIIIIIIN. - Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva

"O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos" - Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

"No Clergyman attended" - The sorrows of Young Werther, de Goethe.

"...pois nunca houve história mais triste do que esta de Julieta e Romeu" - Romeu e Julieta, de Wiliam Shakespeare.

"Não me deixem tão triste: escrevam-me depressa dizendo que ele voltou..." - O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry

"- A beleza! A beleza" - A fantástica e vida breve de Oscar Wao, de Junot Díaz.

"E pareceu-lhes como que uma confirmação dos seus novos sonhos e boas intenções quando, no fim da viagem, a irmã se levantou em primeiro lugar e espreguiçou o corpo jovem." - A metamorfose, de Franz Kafka

"Amava o Grande Irmão." 1984, de George Orwell

"I think I am ready to have children, Mr Premier. Ha!" - The White Tiger, de Aravind Adiga

"Porque eu ainda vejo as sombras das árvores, e dormir não consigo, rumamos para onde rumamos" - Jakob, o mentiroso, de Jurek Becker.

"Então se segure - disse Zaphod - que a gente vai dar uma paradinha no Restaurante do Fim do Universo." - O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams.

"A cidade ainda ali estava" - Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.

"Quero acreditar, mas não posso ter certeza, não se pode ter certeza de nada, que Deus me terá em Sua Glória e sei que Ele agora está rindo" - A casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro.