30 janeiro 2009

Tudo passa e pouco muda

Voltei a 22 dias, depois de apenas 7 meses do outro lado do mundo, e e pouco mudou por aqui. Aqui geográfico. Aqui, interior, mudou e isso me basta. Me basta ?

Hoje quase fui atropelado. Já andei por aquela avenida mais de um milhão de vezes. Na minha primeira infância ela [a avenida] era o lugar público mais distante, porém acessível, que minhas pernas poderiam me levar. Tinha a sorveteria, o vendedor de relógios falsos, a fotótica, churros, papelaria e etc.

Hoje saí para comprar um tênis e o jornal. Na volta, ao passar no farol, que estava aberto para mim, quase fui atropelado.
Será que as leis de trânsito, aqui no Brasil, são apenas recomendações? Sinto falta do trânsito asustraliano, mesmo com a mão do lado errado da rua.

E o jornal?

Alguém morreu. Alguma criança foi abandonada (isso também aconteceu lá, mas me parece uma exceção, como deveria ser), a crise já é um fato global, a violência continua a mesma coisa e agora damos asilo "político" a bandidos europeus. Meus avós não gostam que eu vá andando até a casa deles a noite. São quase 5 minutos - dizem que é perigoso.

O que faço quando quer ir e vir ?

Meu avô diz que "o Brasil é o melhor lugar do mundo". Meu avô já passou um final de semana no Paraguai, nos anos oitenta, e aí está sua experiência internacional.

Tom dizia que "o Brasil é uma merda, mas é muito bom. Aqui [ele se referia aos EUA, mas poderia se referias a qualquer outro país desenvolvido e seguro] é muito bom, mas é uma merda".

O Brasil é o melhor lugar do mundo, mas temos muito que melhorar.

Teremos um trabalhão !


29 janeiro 2009

a segunda vez que te conheci


Ele fez novamente, sim, Marcelo Rubens Paiva lança mais um livro ágil e "instrutivo". 

Em seu último romance,  "A segunda vez que te conheci", o autor da continuidade a temática dos relacionamentos urbanos na grande cidade de São Paulo. O romance recorta a vida de Raul, um jornalista que foi deixado pela sua mulher, perde o emprego e se encontra trabalhando como cafetão em um flat de SP.

É uma leitura rápida e repleta de humor seco e de metáforas simples e, de certa forma, cruéis sobre os relacionamentos, como; "Ex-marido é como um banheiro velho. Ela quer homens sem vícios, ferrugens e vazamentos. Como não entende de vazamentos, abandona." ou sobre o pesadelo de alguns jornalistas; "... tive um pesadelo em itálico. Minha mãe apareceu inclinada e me ofereceu bananas retas.".

A segunda vez que te conheci
Marcelo Rubens Paiva
Editora Objetiva
Edição: 2008




14 janeiro 2009

A arte de viajar e o tigre branco

No final de 2008 li um dos melhores livros lançados em 2008, na minha opinião, (inclusive foi o vencedor do prêmio man Booker 2008): "O Tigre Branco".O romance de estreia do escritor indiano Aravind Adiga.
Mas já escrevo sobre ele. Antes quero escrever sobre um dos melhores livros que li em 2008, porém escrito em 2002: "A arte de Viajar", de Alain de Botton.
Classificar a "A Arte de Viajar"  não é uma tarefa fácil. Embora tenho o encontrado na prateleira designada aos livros de viagens (creio que por desatenção do livreiro), este livro é muito mais amplo do que seu título possa deixar transparecer.
Neste livro, o escritor e filósofo suíço, navega pela erudição e aplica filosofia ao lado prático da vida, sugerindo soluções filosóficas, porém sem ser pedante. Não é um livro de fácil assimilação. Assumo que pensei em desistir da leitura durante os primeiros capítulos, mas a conclusão do livro convida o leitura a reflectir sobre a vida.
"Infelizmente é difícil lembrar de nossa quase permanente preocupação com o futuro, já que em nosso retorno de um lugar, talvez a primeira coisa a desaparecer de nossa memória é a quantidade [tempo] do passado que pensamos sobre coisas que virão, quanto tempo gastamos em outros lugar, ao invés de onde estamos", minha, pobre, tradução do inglês.
Alain de Botton dá dicas de como tirar o melhor da vida (dessa viagem que é a vida) e transforma-la em arte, por, simplesmente, prestar atenção nas coisas que nos cercam e no momento que nos cercam.
A Arte de Viajar
Alain de Botton
Editora: Rocco
Edição: 2002




O Tigre Branco


Conheça Balram Halwai, o "Tigre Branco": Servo, filósofo, empreendedor, assassino. Assim o Tigre Branco é descrito logo na contra-capa do livro.
Li a dica no blog do Zeca Camargo (sim, o apresentador da globo) e fiquei curioso. Comprei o livro, comecei a lê-lo e não conseguia larga-lo. Fazia tempo que não aprendia e me divertia com uma leitura (Salve Machado de Assis, que não tem comparação).
"O Tibre Branco" é o romance de estreia do jornalista indiano Aravind Adiga e narra a história de um "empreendedor" indiano. Na narração, o eu-lírico, o empreendedor, descreve como chegou na posição [social] em que chegou para o prêmier chinês que visitará a Índia.
O que mais me fascinou nessa leitura foi perceber que o Brasil e a Índia são mais próximos do que eu imaginava. Não apenas porque amos fazem parte do BRIC (Os quatro principais países emergentes, sendo Brasil, Rússia, Índia e China), mas pela existência de duas "Índias". De um lado existe a Índia emergente, dominada pela corrupção e do outro a Índia dos valores tradicionais. Amarrando as duas Índias, vemos a trajetória do personagem principal e suas filosofias sobre o mundo de maneira interessante e divertida.
"Um grande poeta, esse tal de Iqbal - mesmo sendo muçulmano. (Aliás, sr. Prêmier: o senhor já notou que os quatro maiores poetas do mundo são muçulmanos? E mesmo assim todos os muçulmanos que conhecemos são analfabetos, estão cobertos da cabeça aos pés em burcas pretas ou estão procurando algum prédio para explodir? É um enigma, não é? Se você conseguir entender essas pessoas, me mande um e-mail)". Filosofa o Tigre Branco.

Leitura imperdível !

O Tigre Branco
Aravind Adiga
Editora: Nova Fronteira
Edição: 2008