15 dezembro 2008

03 dezembro 2008

Zéu Britto: Saliva-me

Eu não vou falar de Mallu Magalhães e Marcelo Camelo. Não vou falar do Chorão e do NX-Zero, nem da Madonna ou do Metallica. Vou falar de um achado músical brasileiro: Zéu Britto.

Quem gosta de cinema nacional, deve se lembrar da música “Soraya Queimada”, que está na trilha sonora de “Meu tio matou um cara”, direção de Jorge Furtado, com Lázaro Ramos e Débora Secco, de qualquer forma, hoje eu vou escrever sobre música.

Em uma cena musical que tudo é sempre mais do mesmo, Zéu Britto, com seu rock-brega, rimas simples e de duplo sentido é diversão garantida.

Canções de cunho sexual, porém românticas, como “Noite de Motel”, canções sobre senhoras virgens que decidem abrir um, digamos, “centro de entretenimento para adultos”, como “Brega de Leila” e a, ainda não, clássica “Mirabel Molhado”, que descreve o triste fim de um biscoito mirabel morto pelo cantor ao se rebelar, junto com os outros biscoitos, contra o próprio cantor, estão no álbum “Saliva-me”, lançado, originalmente, em 2005 e que será re-lançado em breve juntamente com um DVD, que conta com participações especiais como Ivete Sangalo.

Não tenho a impressão que Zéu Britto venderá milhões de CDs e fará shows para multidões ensandecidas e alcoolizadas, mas o que gosto deste cantor é que ele me parece ser real, exatamente e simplesmente por não ser nada convencional.

Zéu Britto, o Bahiano de Jequié é, além de cantor e compositor, ator. Já atuou em alguns filmes e miniséries e apresenta o programa “Retalhão” no canal Brasil.

Se você, como eu, está cansado de ouvir as mesmas ladainhas e quer, apenas, se divertir com canções e artistas que não querem mudar o mundo. Zéu Britto é para você.

Blog oficial: http://www.zeubritto.blogger.com.br/

02 dezembro 2008

etc - Aquelas outras coisas que não escrevemos

Blog novo ?

Acho que é o primeiro. Até pouco tempo colocava alguns pensamentos no meu multiply (http://fredskull.multiply.com), mas sem uma organização ou o respeito que um blog periódico deveria ter, ou ao menos o respeito que eu quero dar.

Se esse blog tem um foco ou um objetivo, eu juro que não sei. Afinal, como diria Alexander Von Humboldt, "...você pode proibir um homem de cultivar o desejo de conhecer e acolher tudo que o cerca ? ".

Vou tentar dividir meus pensamentos em algumas categorias e veremos aonde isso chegará.

Bem, vamos lá.

27 novembro 2008

Individualidade

     É fato que a característica mais presente no século XXI é a individualidade. Note que usei a palavra “característica” e não “qualidade”. Apesar de que a qualidade “individualidade” também é louvável.


     Cada vez mais deixamos o coletivo de lado e focamos nos nossos benefícios. Até aqueles que se preocupam em ajudar o próximo estão cada vez mais escassos, já que estes também se cansam de dar murro em ponta de faca. Pois é, amigo, a vida não anda fácil. Todo mundo tem que se virar para sobreviver e nessa de levar a vida cantando “eu não ajudo ninguém, porque ninguém me ajuda” é que vamos entrando em uma espiral que desembocará no rio do malogro coletivo.


     Seja como for, vou contar um causo que ilustra o ponto feito no paragráfo anterior.

     Na cidade de um compatriota, todos vivem ocupados e correndo de lá para cá sem apreciar as belezas, ou as peculiaridades, da cidade. A vida não é fácil, como em todo lugar, e a maioria cisma em  não ter tempo para apreciar a velocidade da existência.

     Em um dia qualquer, desses que o trânsito bate recordes e a insegurança também, ele [o compatriota] estava em um ônibus qualquer rumo ao seu trabalho. Ônibus lotado, diga-se de passagem, mas ainda haviam alguns lugares no corredor para os passageiros que ficariam em pé.

      Lá pela metade da viagem um acidente ocorreu. Acidentalmente, acreditamos assim, o ônibus atropelou um jovem rapaz,  que aparentava uns 20 e poucos anos e se somarmos as variáveis horário, aparência e livros espalhados, logo presumiremos que o jovem rapaz era um estudante, mas poderia ser um trabalhador, um pai de família, mas o que lhe valem essas características agora?

     Todos os passageiros se entre olharam apreensivos e preocupados e suas mentes começaram a relacionar aquele evento com suas próprias caminhadas errantes.

     O Motorista pensou: “Aí, Meu Deus!”

     A maioria dos passageiros pensou: “Aí, Meu Deus, vou me atrasar !”

     E o único que pensou “Chamem uma ambulância, pelo amor de Deus !”, agonizava entre o meio-fio e os carros, coletivos e caminhões que seguiam seu fluxo.

25 novembro 2008

O Menor Livro do Mundo

Prólogo

     Talvez esse não seja o menor livro do mundo. Não por não acreditar nisso, mas por me faltar a leitura de todos os livros do mundo. Há, dizem por aí, livros menores do que este, tanto em extensão, como em qualidade, mas por juízo, consideração ou receio, me furtarei de tecer qualquer comentário.
    Todo livro começa pelo começo, ora pois, cria sua fundação, chega ao clímax e dá seu desfecho, isso segundo as normas e bons costumes, porém sinto lhe informar que este livro não atingirá o clímax nas próximas linhas, mas o antigirá, certamente, em algum lugar do futuro.
     Convenhamos, estas linhas não são de um livro, mas de uma carta. Uma carta que contará novidades, pedirá conselho e ajuda. Não cabe a este, que vos escreve, faltar com a verdade: jamais. Porém, comecemos pelo princípio.
     Cumprimentos
     Olá, tudo bom?
    Creio que faz um tempo que não conversamos, mas sabemos que isto não importa entre nós. Ao menos eu acredito, nessa, e considero essa possibilidade. Como anda a vida? Torço para que os estudos estejam fluindo, o trabalho lhe sorrindo e o teu par por lhe convir (Não escrevo "lhe convir" por deboche, mas por não encontrar outro termo).
    Aqui, ando bem. Pensou que a distância romperia nossa conexão? Errou. Lhe escrevo para contar, como informei no prólogo, uma novidade e para pedir conselho e sua ajuda.

A Novidade

    Pedi demissão. Sim, sim, finalmente. Sei exatamente o que você deve estar pensando, mas sei que tomei a decisão certa. Estou morando em um país de primeira, devido ao emprego que aqui tenho (tinha), mas é chegada a hora de dar outra direção a minha vida, pois os anos avançam e, infelizmente, sinto que as infinitas possibilidades, aos poucos, ganham características finitas. É hora de domar essa besta, que chamam de vida, pelos chifres.
    Trabalharei até alguns dias antes do natal, cumprindo o aviso prévio, no dia seguinte  embarco para minha viagem ao sudeste Asiático (Vietnam, Cambódia e Tailândia), e retorno para este país poucos dias depois do novo ano. Devo ficar por aqui alguns dias e depois retorno ao Brasil. Ano Novo, vida nova. Não é este o lema?

O Conselho
     Sei que você é moça sabida e pode me ajudar. Já trabalhou em vários lugares e conhece muita gente. Já conversamos sobre isto, mas vou relembrá-la das minhas cinco profissões dos sonhos, sendo, por ordem de importância: 1) Compositor de canções hare-krishna; 2) Mestre Jedi; 3) Caixeiro viajante (do tipo que não se transforma em barata); 4) Correspondente Internacional; e 5) Diplomata.
     No próximo ano pretendo construir as fundações para as profissões 4 e 5 (Corresponde internacional e Diplomata). Não creio que tais profissões sejam opostas e creio que você também não.
     A profissão de diplomata é muito nobre e muito me interessa. Sei que tal profissão atrai muitos e poucos passam pela peneira do órgão brasileiro responsável pela instrução de nossos diplomatas. Sei que não é uma tarefa fácil, mas este é um plano para dois anos. Inicialmente, pensei em investir o próximo ano entre estudos, mas para quem trabalhou pelos últimos 10 anos, isso ainda me parece improvável. Preciso sair de casa, preciso interagir, preciso aprender. Por isso desenterrei a possibilidade de investir na pós-graduação em jornalismo, durante o próximo ano e encontrar algum estágio que permita que eu trabalhe, na área, e que me sobre tempo para estudar para o concurso de admissão a carreira diplomática. Ainda não tenho certeza se este é o caminho certo. E alguém ter certeza ? Ainda não sei se conseguirei apenas estudar, pois preciso, como todos (até os hare-krishna) do vil metal.
     O que você acha dessa possibilidade?

A Ajuda

     Como abri o capítulo anterior, sei que você já trabalhou em vários lugares e conhece muita gente. Inclusive trabalhastes naquela agência de notícias internacional e é aí que quero chegar. Será eles empregariam, como estágio, quiçá algo mais, um jovem, que passou dos vinte há poucos dias, formado em relações internacionais (um internacionalista), que, em breve, ingressará, ou não, (Caetano e Gil se orgulhariam de mim, ou não) em uma pós em jornalismo?
     Olha que beleza, na represa, ter as duas formações. Aquele apresentador do jornal noturno daquela grande emissora fez o caminho contrário e até foi capa de revista. Ele é formado em Jornalismo e fez pós em Relações Internacionais. 
     Poderia me passar o contato de alguém na agência de notícias, ou até, caso prefira, indagar alguém sobre este assunto ?

O Desfecho

     O desfecho está em construção.

A despedida

     E é assim. Espero que esteja tudo bem. Beijos e até mais. João.

 

17 novembro 2008

Crônica de uma não vida noturna internacional

Como alguns de vocês sabem: eu sou um boêmio. Talvez não seja um boêmio no sentido clássico da palavra, mas me considero um, desde que, há alguns anos atrás, recebi uma ligação de meu avô, em um sábado a noite, indagando porque seu neto, beirando os vinte anos, é tão boêmio. Porque um jovem de quase vinte não seria boêmio?

Segundo o escritor João Ubaldo Ribeiro, a "velhice não está na mente, está nas juntas". Seja como for, acho que estou em uma fase de poucas baladas. Eu disse poucas e não "zero" baladas e também assumo que não tenho tanto interesse em sair por sair, sem a companhia dos meus amigos, também boêmios,  que estão ligeiramente distantes deste que vos escreve. Calma aí, quem mudou fui eu, então sou que estou distante? Eu acho.

Há algumas semanas, uma conhecida, que aos poucos se torna uma amiga, veio morar nessa cidade onde, temporariamente, habito. Ela é um ou dois anos mais nova do que eu, mas sinto que em alguns, senão vários, pontos somos bem diferentes. O que é ótimo, pois aprendo com isso e espero que ela também.

Ela chegou na cidade e o termômetro dela é a vida noturna. Eu, que já estou aqui há poucos meses a mais do que ela, já tive o mesmo ímpeto, mas quantidade não é qualidade e me dou satisfeito por minhas caminhadas, pedaladas e meus passeios solitários imersos a contemplação das novas praças.

Sábado passado eu e minha amiga almoçamos em um restaurante qualquer em Chinatown e aproveitamos para trocar experiências sobre a vida Australiana. Tais experiências não cabem aqui, pois são produtos de mentes ociosas que ainda enxergam tudo com o olhar de quem ainda percebe diferenças entre o Brasil e a Austrália.

Neste sábado, ela sairia para a balada com duas outras amigas brasileiras que conhecera no Brasil e que, por sorte ou destino, estão morando em Sydney (Moro em Melbourne). Fui convidado a participar, mas tinha outros planos para o meu final de semana. Terminamos o almoço, batemos pernas pela cidade por mais algumas horas e nos despedimos.

Horas mais tarde recebo a primeira das duas mensagens de texto, por celular, que me divertiriam pelos próximos dias.

Às 22:48 recebo a primeira mensagem: "Tô aqui na Cheers, adoreiiii, vem pra cá. Beijos".

Repondi que ficaria em casa, mas desejei que se divertissem e que pegassem todos. Eu já falei que tem mais homens do que mulheres por aqui?

Fui dormir.

No domingo ensolarado, porém frio, percebo que havia recebido outra mensagem de texto, enquanto dormia.

Às 01:02 recebi a segunda mensagem: " O que acontece com essa porra de cidade que eu já gastei mais de 60 dólares e ainda não tô bêbada? Aliás, aqui fede a suvaco sujo. Não estou mais gostando".

Pronto, agora eu entendo porque existem os tais "esquentas".





04 novembro 2008

Memória no meio do caminho

Se estivesse vivo, Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros, completaria 106 anos no último 31 de outubro. Não que esse cálculo seja importante, ou não, mas me parece que o Brasil carece de heróis literários e culturais. A cultura e educação não são exaltadas e nosso presidente declara que “ler é um hábito chato” e outras personalidades se gabam de nunca terem lido um livro.  
O poeta de Itabira, Minas Gerais, produziu várias das mais belas construções poéticas da língua portuguesa. Lembro  que o poema “No meio do Caminho” não me inspirava a nada, durante  minha infância, quando o li em alguma cartilha de português, mas hoje em dia ele é muito mais significativo. Porém o poema que mais me identifico é o poema “Memória” (abaixo ambos). 
Apenas para não passar em branco e relembrar que o Brasil é capaz de produzir muito mais do que jogadores de futebol e mulheres frutas. Vai Brasil!


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

                -//-

No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


03 novembro 2008

conselhos.com

Buenas tardes,
 que bom receber o seu email. Sério. Estou em uma segunda-feira daquelas. Ah! Que saco! Tenho que assumir que escrevi para você como desabafo, porque esperava que você fosse a boa pessoa para dar conselhos e foi. Um amigo diz que as pessoas só pedem conselhos quando não querem admitir para elas mesmas que a melhor solução é a que já descobriram, ou algo assim. Você entendeu.
Não sei se sou bom de conselhos. Acho que é mais fácil "analisar" os outros porque não colocamos as variáveis emotivas (que só quem sente sabe o peso que elas tem) no nosso julgamento.
Mulher, eu já descobri que a minha busca por algo que realmente me agrade vai durar muito mais tempo do que eu imaginava quando tinha uns 10 anos de idade. Naquela epóca eu acreditava que chegaria aos 25 anos casado, com 1 (ou até 2 filhos(as)) e meu carro seria uma pick-up. Pois bem, os anos passaram e aqui chegamos.
 Acho que decidir o que se quer da vida é  uma tarefa, no nosso caso, complicada. O mundo tem muitas possibilidades e isso é bom e ruim. Talvez o primeiro passo é saber o que você não quer para a sua vida. Parece fácil, mas quando colocamos ás variáveis dinheiro e idade... Shiiii. Tem uma música do Jeff Buckley que se chama "Lover, you should've come over" e em uma parte ele diz "Too young to hold on and too old to just break free and run". Acho que estamos nessa frase, mas mesmo assim podemos ter o melhor dos dois mundos.
 Hey, geralmente, o plano B é conhecido por ser o segundo plano e deveríamos deixar ele para depois. Há algum tempo eu vi uma entrevista com o Samuel Rosa, vocalista do Skank, e ele, quando indagado porque ele achava que a banda dele havia feito sucesso, disse, com aquele jeito mineiro, que [a banda] “só deu certo porque eles não tinham um plano B”. O que não resolve nosso problema.
 Eu, agora, só busco o próximo passo.
Como se tenta descobrir o próximo passo ? Prato simples e fica pronto em alguns anos, dependendo da fome.
1) Descubra as coisas que gosta de fazer. Pode ser viajar, aprender outras línguas, conhecer outras culturas e etc.
2) Coloque as coisas que não gosta de fazer no armário.
3) Adicione amigos, conversas despretensiosas e alguns litros de chopp.
4) Deixe descansar, na memória, enquanto se ocupa dos afazeres diários.
5) Encontre a coisa que mais se aproxime da coisas que gosta.
6) Se a coisa que mais se aproxima do que você gosta tiver as coisas que você não gosta, coloque tudo na balança e decida se vale a pena. Se não, procure por outra coisa.
(O chopp com os amigos é só para passar o tempo e não esquecer que eles estarão lá por você quando a coisa apertar e vice-versa)
 Bom, ás vezes funciona :-) e foi assim que eu descobri a faculdade que queria fazer e é assim que estou descobrindo o meu próximo passo que, provavelmente, não será o último. Além disso, estou fundando a IUPP (Igreja Universal do Próximo Passo). Ela não será conflitante com nenhuma outra religião, ou seja, você pode continuar sendo católico apostólico “romântico”. Terá um Deus, que será chamado de “Teu Deus” (se você não tiver um Deus, ela não terá um), respeitará os santos, os profetas, os sacerdotes, os messias, os pastores, os padres, os obreiros, os coroinhas (acho que você já entendeu) e pregará que nessa vida o importante é ser feliz, aproveitar todos os dias, sabendo que um dia será o último e descobrir qual será o próximo passo, enquanto carnal, vivo, encarnado e por aí vai. Quer se filiar? Basta erguer sua mão e aceitar que a vida é pra valer. Hohohoh
Fico feliz por você e o pelo seu carinha. Eu gosto dele e apesar de tê-lo visto poucas vezes o "fulano " mora no meu coração, hohoho, que gay.

Bjohnnies

PS. Não tem problema nenhum em ter tatuagem.


24 outubro 2008

A casualidade

Há alguns meses vi na Globo News uma entrevista com um escritor mineiro que busca contar histórias em poucas linhas. Acompanhei o programa e gostei muito de um conto chamado “A Casualidade” e, recentemente, encontrei  o tal conto.

O nome do escritor é Carlos Herculano Lopes e o conto, em questão, está no livro “Coração aos Pulos”. Espero que gostem.

Conto: A Casualidade

Em uma madrugada, quase de manhã, um rapaz ainda jovem, entrando nos seus vinte e cinco anos, pegou um táxi.
Resultou que ele, calado por índole ou costume, estava voltando de uma festa na qual, entre amigos, havia tomado umas cervejas.
Talvez só isto, a sensação de estar alegre, o tenha feito puxar conversa. Era muito reservado com estranhos.
Por sua vez o motorista, costumado a ouvir, deixou que ele falasse.
Aquele diálogo, provalvelmente, não passaria de um a mais dos tantos que se travam noite adentro se de repente o rapaz - sabe-se lá porque - não houvesse confessado que era de Santa Marta, onde, quando criança, um tal de Jardel havia matado o seu pai.
O motorista, que até então ouvia em silêncio, sem prestar muita atenção, sentiu um calafrio, um leve tremor nos lábios e o volante vacilou enquanto voltavam na sua memória cenas de um crime que ele tentava esquecer.

21 outubro 2008

Próxima estação

Não pratiquem esportes até o corpo não aguentar mais. Aliás, pratiquem esportes até o corpo pedir arrego e quando isso acontecer, aluguem filmes para ajudar durante o descanso. Assim terão o melhor de dois mundos: O prazer de alguma atividade física e o prazer do entretenimento e da informação no conforto do seu lar, acompanhado ou não.


No último final de semana tive o prazer de passar o sábado chuvoso sob um teto. Mais especificamente o teto do meu apartamento alugado aqui na Austrália. Ora, não digo isso para esbanjar, mas sim para lembrá-los que posso pagar por tal comodidade porque trabalho e, apenas trabalho, porque estudei e o custo de minha educação foi financiado por meus familiares. Embora me julgue um rapaz esperto, sei que só cheguei aqui pois fui bancado por meus pais e avós e, claro, que me criaram em um ambiente onde eu e meu irmão nos sentíssemos amados e protegidos.  Poderia discorrer alguns parágrafos sobre isso, mas voltemos ao assunto.


No sábado passado eu resolvi, como muitas vezes, alugar alguns filmes. Aluguei diversos filmes que me entreteriam e matariam a saudade do Brasil. Nesse contexto, aluguei blockbusters hollywoodianos e outros filmes, mas o achado do final de semana, quiçá da minha vida, foi o documentário “Ônibus 174”, dirigido por José Padilha (Tropa de Elite).


O documentário retrata um assalto, que se transformou em um sequestro, com reféns que aconteceu no Rio de Janeiro, em 2000, e que, infelizmente, voltou ás mídias brasileiras devido ao trágico sequestro ocorrido recentemente em Santo André, São Paulo, por um motivo torpe e com um desfecho cruel. Muitos, a primeira vista, tentariam categorizar os dois eventos dentro de do mesmo eixo, mas eu afirmo que, embora ambos sejam crimes hediondos, eles diferem no quesito da previsibilidade. Quando, por Deus (teu Deus), poderíamos prever que um louco enciumado, maior, sequestraria e mataria sua ex-namorada de apenas 15 anos, como no mais recente caso de violência no Brasil?


No documentário “Ônibus 174”, percebemos que o sequestrador é um produto da nossa sociedade, do descaso da sociedade e esse descaso, multiplicado á personalidade de certas pessoas, só poderia resultar nos terríveis atos de violência que acontecem diariamente.


Ter um carro blindado é normal, vermos garotos dormindo nas ruas é normal, “carteiras-do-bandido” são normais, soldados garantindo seu direito de voto é normal, o medo de ir e vir é normal. Até quando? Até quando? Esse tipo de coisa NÃO É NORMAL e, infelizmente, acontece todo os dias, sem que se dê atenção a isso. Olha só como o Brasil e Austrália são países bem diferentes. Há, mais ou menos, 1 mês uma mochileira australiana, aqui de Melbourne, foi para a Croácia e desapareceu.  A mídia mostrava imagens dela e todo mundo buscando entender o que se passou. Bom, há duas semanas acharam o corpo da garota em um rio qualquer na Croácia e aqui a sociedade está revoltada e organizando detetives particulares para descobrir o que aconteceu e quem fez o que fez, caso alguém tenha participado disso.


Porque na Austrália essas coisas tem tanta importância? Primeiro porque isso não é normal, por aqui. Tenho a impressão que aqui as pessoas são consideradas pessoas, independentemente de quantos dóllares se tem na carteira. Sei que isso tem a ver, também, com o tipo de cultura e percepção horizontal que eles tem a hieraquia no país, Ex:Você é meu chefe no trabalho e eu te respeito por isso. Fora do trabalho você é um cidadão como qualquer um e tem os mesmos direitos e deveres que eu tenho. No Brasil a coisa é mais embaixo, os “bacanas” ou influentes, geralmente, escapam das punições e muitas cadeias são feitas para o pobres, que, talvez, não seriam tão pobres se tivessem tido as mesmas bases que alguém de melhores condições sociais teve.


Será que algum dia o Brasil poderá se orgulhar de construir mais escolas do que presídios? Aonde todos terão condições de competir igualmente no mercado de trabalho, social, cultural e etc. Todos as pessoas são especiais e com as ferramentas certas podem se tornar excepcionais.


Qual é a solução? Fugir para a Austrália? Não, fugir não é a solução e eu não ficarei aqui para sempre. O Brasil é, para mim, o melhor lugar do mundo e pode ser ainda melhor, caso importemos algumas coisas boas que vemos pelo mundo a fora. A cada viagem eu coloco mais algum pensamento na cabeça de como podemos melhorar nosso país e espero viver para ver isso acontecer. O Brasil é a sua casa e o que você faz quando a sua casa precisa de um reparo? Você a repara (imagino que alguns espertinhos pensaram: Eu me mudo) e a melhora.


Parafraseando Cazuza, na canção Brasil, eu digo “Brasil! Mostra tua cara. Quero ver quem paga. Pra gente ficar assim.”


Eu não quero mais ficar assim. Eu quero mudar minha casa para melhor e você?

07 outubro 2008

Pra Valer



É muito bom, mas não é filme
Não tem "pausa", ou " play", que mude o que sinto
É diferente, toda essa gente
Mas o glamour só existe pra quem mente

Antes de tudo, em busca de um abrigo
Depois da janta, um sorriso
Se não encontro, não me aflijo
Respiro fundo e de novo estou perdido

Nas janelas, as novidades
No trem da esquema, cumprimento a saudade
Eu vejo flores e não é nada mal
Acendo o fogo e mando um sinal

Longe assim, pois assim escolhi
Só vou voltar, quando tiver fim
E passa logo, é só querer
Enxuga a lágrima, que a vida é pra valer

E assim vivo o meu dia-a-dia
E acabando com a agonia
Momentos bons e alegria também
Eu fecho os olhos, mas o sono nunca vem.


04 julho 2008

O dia em que caí.

Estava tudo planejado, combinado, pago, conferido e acertado. Já havia conversado com outros que haviam feito o que eu planejara e sabia das complicações e, principalmente, dos benefícios do que buscava.

Foi assim que me preparei para saltar de bungee jump.

- Acorde cedo e vá até o ponto de encontro. – Foi assim que me informaram o que deveria fazer hoje de manhã.
Embora fosse verão,  uma linha fria corria, teimosamente, por todo o corpo e misteriosamente despencava como uma queda d’água em meu ventre. Nunca soube precisar se este frio era endógeno ou exógeno, porém, para tal descrição, não se faz necessário abordar tal discussão.
Creio que éramos, ao todo, quase uma dúzia de saltadores que um-por-um era pesado, etiquetado e enviado, sem demora, a kombi que nos levaria até ao local designado. Nossos algozes contavam piadas e brincavam com nossos anseios e temores, e, nem por isso descontinuaria meu plano. Já no transporte pude observar outros como eu. Tinham a mesma bagagem e vinham do mesmo lugar e, talvez por instinto, pusemo-nos a conversar e assim passamos o tempo.

- Quem é Juón ? – Perguntou um algoz com o sotaque que lhe era pertinente.
- Sou eu. -  Respondi, prontamente.
- Okay, você é o mais pesado e será o primeiro a saltar. – Não notei qualquer desmerecimento em seu comentário.

Enquanto o transporte subia por entre as montanhas e passava rente a altas ribanaceira, sentia que aquela linha de frieza, que a pouco desenbocara em meu estômago tomava outro rumo e, ao mesmo tempo que sugava a saliva da minha boca, se enroscava junto a minha garganta.

No cume da montanha recebemos nossos equipamentos para o salto e algumas pequenas instruções. De alguma forma meu domínio da, então, falada língua foi reduzido a um escasso vocabulário apenas para a sobrevivência. Pouco depois percebera que o salto seria realizado no vão entre a montanha que estava e a montanha vizinha. Entre estas duas montanhas havia uma pequena casa, ou um teleférico, se preferir, conectado a terra firme apenas por alguns cabos de aços. Porém, tal teleférico, não se movia. Havia uma pequena gaiola que levaria os desafiadores da morte até o topo de seus próprios arranhas-céu e por este caminho me meti. Fazia comentários a esmo com outros ocupantes da gaiola, a fim de evitar a vista que se criara abaixo de nós e acho que obtive sucesso, tanto para mim, como para os outros.

Seria o primeiro a saltar e logo fui conectado aos dispositivos necessários. Ainda não acreditava que minha vida seria posto a prova e que minha salvação estaria concentrada em algumas centenas de fios de elástico. Desses elásticos de escritório. Caminhei a curtos passos até a rampa de salto e me imaginei em um navio pirata, mas, desta vez, não me espetavam as espadas e a meus pés não haviam tubarões a nadar no mar e está ausência de mar era assustadora.

- Olhe para o horizonte e pule. – Instruíu-me um algoz.

                Respirei fundo enquanto aguardava a contagem e regressiva e ao término da contagem, quando deveria pular, faltou me a coragem e gritei: Espera, espera!

                - Poderia me empurrar? – Pedi, gentilmente.

                - Não, você tem que fazer isso sozinho. – Respondeu, também, gentilmente.

                Lá estou eu, a um passo do infinito e a segunda vez seria diferente. Respirei fundo, olhei para o meu destino e saltei.
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Logo no  primeiro segundo o corpo se fecha, os olhos se abrem e a cabeça quer voltar para o porto seguro. Este primeiro segundo, caso algum dia seja passível de medição, é um dos segundos mais demorados da nossa vã existência, possivelmente equipara-se á alguns primeiros beijos, a algumas conquistas infantis, ou não, talvez á experiência, ainda não adquirida, de ser pai, mãe, avô ou avó ou a qualquer outro nobre sentimento que lhe faça por querer.
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Mais alguns metros. O corpo alcança mais velocidade e o porto seguro já é uma ponte que permanece aguardando e sempre estará lá, mas isso não importa agora. Quero velocidade, quero sentir o vento em meu rosto, sentir minhas pernas sobre mim, não sentir minha respiração e aproveitar a falta que ela não me faz.
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                O mergulho chega ao fim e voltamos alguns metros em direção ao porto, mas recuamos e agora sentimos que o peso não existe, voltamos ao mergulho, recuamos, mergulhamos, recuamos e, por fim, gozamos.

                O retorno a base é lento. Mesmo seguros, sentimos a necessidade de nos jogarmos na vida novamente. Sabemos, agora, que é uma boa experiência, queremos repetir o feito e, também, queremos compartilhar com os amigos da caverna o que se passou á luz do dia. A base estará sempre lá, mas não será do mesmo jeito para os aventureiros. Há sempre um outro mergulho a ser dado e este sabe que não será o último.

                        Cada um tem, ou deveria ter, seu mergulho. Qual é o seu?



18 abril 2008

Sehnsucht...

"Actually, sehnsucht means a poetic longing for something unknown. It is a driving for that hidden thing that you have not discovered. It is that life long search for something ethereal. Sehnsucht sounds so philosophical that it could only be German." Autor desconhecido.

Outras informações: http://en.wikipedia.org/awiki/Sehnsucht_(C._S._Lewis)

17 abril 2008

Insônia.


“ ... A minha fúria era só um tempero naquela irresistível  exuberância, não foi ela que afastou os outros de mim, mas a minha morte. Todos os dias me levanto, engulo uma xícara de café e vou para o túmulo. “ –  Trecho extraído do livro “Aos Meus Amigos” de Maria Adelaide Amaral.
            De todos os possíveis males da vida a adulta, o mal que mais me persegue é  a insônia. Sou ansioso desde não sei quando e aprendi a ser, ou melhor, aprendi que essa ansiedade faz parte de mim e mantém em mim o que mais me orgulho: A curiosidade. Durante muito tempo, por falta de conhecimento de um vernáculo mais apropriado, chamei esse sentimento de “frio na barriga”, o que não deixa de ser verdade.
            Já tentei muita coisa para eliminar ou destruir essa ansiedade que tira meu sono e aumenta minha gula e enquanto a “solução” não me encontra, ou eu a encontro, vou me divertindo no meu solitário recanto.
            Lembro-me de desejar, muito, poder voltar no tempo, porém, sabendo  exatamente o que sei hoje. Nunca, até então, havia pensado no que havia vivido, mas somente no poder dominador que existe em segundas chances. Atire uma pedra que nunca pensou em voltar para a quarta série “B” e falar algumas bobagens para a professora que cismava em pegar no pé de quem não fazia a “lição de casa”. Coisa engraçada. Como algumas palavras e expressões tão corriqueiras de outra epóca hoje são apenas alegorias de um tempo, apenas, cronologicamente distante.
            Hoje, enquanto buscava um R.E.M. que se preste, resolvi dar atenção ao latente desejo de imaginar como seria o típico dia de um aluno do primário, claro que este seria este que vos escreve, mas sabendo o que sei hoje. Todas as vezes que gaguejei quando não fizera alguma tarefa agora seriam respondidas com um ar de superioridade não adquirido até então.  Todas aquelas piadinhas/pegadinhas seriam superadas. Minha principal arma não seria meu tamanho, mas minha astúcia. Brigar para quê?  Seria o “king” das aulinhas de inglês e as temíveis aulas de matemática... bom, as aulas de matemática continuariam do mesmo modo, assim como aquela hesitação ante o sexo oposto...
            Em sumo, haveriam milhares de coisas que faria, certamente, diferente. Enquanto prosseguia na minha “nova” vida imaginada, me deparei com sérios problemas logísticos. Ora, um bem sabe que o hoje é resultado dos feitos e desfeitos de ontem. Como encontraria, novamente, meus amigos e amores de hoje? Como convencer você de que eu, embora um desconhecido, poderia ser um grande amigo ?
Humnnn. Voltar no tempo sabendo o que se sabe hoje tornar-se-ia uma grande desilusão.
            Assumo que tenho nostalgia dos tempos de outrora, mas sei que Drummond preenche a minha alma por escrever que  “...as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.” Pouco tempo depois, adormeço e sonho que já é dia e está na hora de continuar com o sonho de Adão.


04 abril 2008

Tudo bem


"Você é inteligente, mas é muito disperso!"
Estaria eu em expansão?

"Ainda tem a mesma risada de quando era criança."
Seria eu, ainda, um infante?

"Você é amigo... não vamos perder a amizade."
Estaria eu, feliz?

"Queremos fazer assim?"
Eu não, mas é você quem manda.

"Filho homem tem que ter um carro seu."
Ah! Deixa disso.

C'est quoi la vie?
Je ne sais pas!
E está tudo bem.

13 fevereiro 2008

Oração á seis mãos

 Boa Noite,

Prezados pais, familiares, mestres, demais membros do corpo docente e formandos.  Hoje celebramos um marco em nossas vidas. Celebração que há poucos anos, parecia tão distante. Com muita alegria nos reunimos aqui para pré-festejar a sonhada conquista de nossa formatura.

Quando iniciamos esta jornada tínhamos diversas dúvidas e grande curiosidade em relação ao futuro. Hoje a palavra "Vestibular" já não traz medo, mas sim nostalgia. Nostalgia dos dias em que nossas escolhas eram embaladas pelo fraterno abraço de nossos pais, familiares e amigos.

Nos consideramos vencedores por alcançar o batalhado título de Bacharel em Relações Internacionais. Somos privilegiados por termos superado os desafios que nos foram impostos durante esta trajetória. Desafios que só foram transpostos devido a ajuda de nossos familiares, mestres e por conta dos laços de amizade que formamos ao longo deste caminho.

Estamos prontos para ingressar no mercado de trabalho e enfrentar qualquer desafio que nos será imposto.

Embora tenhamos aprendido teorias que explicam, ou tentam explicar, como o mundo funciona, sabemos que o mais valioso foram as experiências que trocamos e vivemos com colegas que, muitas vezes, não são nada parecidos com nós mesmos, mas são movidos pelos mesmos objetivos.

Agradecemos nossos familiares, nossos pais, que nos apararam durante esta trajetória sempre com uma palavra carinhosa e, em muitos casos, com a carteira em mãos para pagar a mensalidade.

"As universidades são instituições financeiras que vendem conhecimento, o aluno é o consumidor interessado em comprar o essa mercadoria e o professor é o gerente de qualidade que assegura que estamos aptos a receber tal mercadoria." Agradecemos nossos mestres, que com paciência e dedicação nos instruíram, compartilharam seus conhecimentos e junto com nossos pais e amigos, plantaram em nossas vidas a verdadeira existência. Existência esta que só pode ser adquirida através do pensar.

Passamos noites e mais noites lendo milhares de páginas e agora somos especialistas em resenhas. Resenhavamos tudo. Tem mais de 100 páginas? Não tem problema, pois hoje, devido a prática podemos compilar essa mesma informação em apenas 2 páginas.
Duas páginas em papel A4, seguindo todas as normas ABNT.
Aprendemos que é possível a existência de milhares "panelinhas" em apenas 20m2.
E quando necessário conseguiamos nos organizar por um bem maior.
Claro, Sair mais cedo, ir ao bar ou sair mais cedo pr’a ir ao bar.
É, mas sempre para discutir geo-política, economia, história da Relações Internacionais, direitos humanos e etc. Isso, sem contar as muitas teorias que existem sobre a Guerra Fria.

Estes anos foram um grande exercício para a vida. Reconhemos aqui amigos para toda a vida. Alguns colegas ficarão apenas na memória. Provavelmente na mesma parte em que fica a Saudade.

Ingressamos na vida universitária cheio de sonhos e expectativas e em poucos minutos saíremos pela porta da frente deste auditório como profissionais, levando conosco metas e objetivos para o exercício da profissão que escolhemos e esperamos que este momento de breve separação, onde cada um de nós seguirá seu caminho, seja a oportunidade que damos ao destino para que ele possa nos reunir novamente.

Gostariamos de tomar emprestado uma valiosa citação do nobre arquiteto, Oscar Niemeyer, que disse "A vida é um sopro, um minuto, e aí tudo se desfaz". Portanto, caros bacharéis em relações internacionais, vamos fazer valer e crer, como disse o poeta e diplomata, Vinicius de Moraes,

"... A vida é pra valer
E não se engane, não
Tem uma só...
A vida não é de brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro...
Embora haja tanto desencontro pela vida
..."

Muito obrigado.
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Texto escrito para a colação de grau do curso de Relações Internacionais, Belas Artes, 2007 por: Daniela Maré, Renata Brunner e João Costa.

03 janeiro 2008

"Amor, veja bem, arranjei alguém chamado saudade"


Não era minha, mas foi a minha primeira grande perda da minha vida adulta...

chico buarque - pedaço de mim



Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus