05 agosto 2007

06-Diário Não-ficcional Rússia - Julho/07


Dia 5, que sono.

Tirei o dia para relaxar. Acho que despertador tocou às 9 horas, mas ignorei-o e levantei lá pelas 11 horas. Acordei, bem atordoado, e se não estivesse em um lugar diferente, possivelmente dormiria mais um pouco, me assuntei e tratei de passear.

Conforme planejado fui até o museu da II guerra mundial. Cheguei lá por volta das 13 horas. Para se chegar até o museu o visitante, que vem do metro, percorre todo um longo trajeto pela praça da vitória. A vista é interessante e o percurso ainda mais. Olhando de longe é possível ver o obelisco, o museu, fontes, escadaria (parecida com aquela dos filmes Rocky Balboa) e etc. A praça deve ter uns 700 metros de comprimento. As fontes ficam a direita e logo na parte central percebi pequenos marcadores, em pedra, dos anos que a guerra durou, 1941 á 1945. Embaixo do obelisco pode-se ver uma gigante estátua de São Jorge matando o dragão, porém o mais interessante são as muitas noivas que tiram fotos por lá. Fotos na fonte, no dragão, na escadeira, com o museu ao fundo, com bouquet, sem bouquet, de véu, de grinalda ... e as vezes uma, ou outra, foto com o novo marido. Os vestidos de noiva são bem variados, inclusive algumas versões bem curtas, que bem que poderiam ser utilizados em qualquer clipe de cantoras pop dos anos oitenta e se não me engano já vi a Cindy Lauper usando algo assim. O museu estava vazio e isso ajudou muito. A visita é bem organizada e começa na parte de baixo do museu pelo pavilhão da lembrança e sofrimento. Lá existe uma estatua de um anjo segurando um soldado, pelos braços, mas para chegar lá tive que passar por um grande corredor com 2.600.000 correntes de colares penduradas no teto, simbolizando as lágrimas que rolaram pelas vítimas da guerra. Existem alguns dioramas que ajudam entender os campos de batalha. No andar superior estão objetos como armas, medalhas, uniformes e etc, alemães e dos aliados, em exposição.

Lembram que eu falei que já manjava tudo do metro, pois bem. Descobri que o metro de Moscou é um senhor que merece respeito. Quase me perdi hoje, mas deu tudo certo. Além da beleza, do metro, em suas paredes em mármore, lustres e etc, me deparei com músicos tocando música clássica em violinos. Em uma das paradas havia sete violinistas e um outro tocando um baixo. Até aí, não é nada demais, mas a acústica é perfeita. O tempo passava e eu ouvia música. Estava tocado pela música e pela quantidade de pessoas lendo livros no metro quando me deparei com uma cena nojenta. Um cara estava urinando em uma das colunas do metro, assim, na maior e com gente passando para lá e para cá. Bom, a necessidade é uma coisa, mas pera lá.

Voltei para o Hotel, meio de mau-humor, jantei uma pizza no restaurante do hotel e nem tentei falar em russo. Restringi-me ao máximo da educação. Jantei, deixei uma gorjeta e fui dormir um pouco, já que hoje sairia para conhecer a noite de Moscou.

Puta-que-o-paril, Moscou é foda!

Combinei com Nikolai de encontrá-lo às 10 horas em uma estação no centro de Moscou. Milagrosamente os telefones celulares funcionam muito bem por aqui, até com o trem em movimento. Quer falar? Sem problemas. Nikolai me disse que iríamos encontrar seu sobrinho, depois iríamos fazer um esquenta em um barzinho e depois para a “melhor balada” de Moscou. No dia anterior Nikolai já havia me informado que nessas baladas não se paga para entrar, mas existe um rigoroso "face control" e um "dress code". Sendo assim, estava bem vestido, como sempre e lindo e maravilhoso, como sempre. Encontramos seu sobrinho, que não fala inglês, e paramos em um café próximo á praça vermelha. Acho que saímos de lá bêbados. Bebemos duas tequilas, duas cervejas e duas sambucas. Sambuca, aparentemente, é um drink latino. Para fazer uma sambuca você precisará de: Dois Copos; Vodka com anis; alguns grãos de café, canudo, guardanapo, isqueiro e coragem. No primeiro copo, coloque a Vodka com anis, a seu gosto, e os grãos de café. Ateie fogo, gire o copo algumas vezes. Em seguida, derrame o conteúdo, em chamas, no segundo copo, abafe o segundo copo com o primeiro copo. Com os pulmões vazios, beba a vodka, espere alguns segundos e inale, com o canudo, o ar do primeiro copo, mas não se esqueça de manter o copo de ponta-cabeça. Pronto, assim que se prepara e bebe uma Sambuca. Repita a operação para um maior grau de embriaguez. Saímos do café e fomos, andando, até a praça vermelha, pois Pascha, o sobrinho de Nikolai, disse que a Praça Vermelha, à noite, é outro lugar. No caminho, passamos pelo teatro fundado por Stanislavsky e valeu a pena. Como já estávamos todos, levemente, embriagados, fui informado que deveria fazer na entrada da praça vermelha (atrás do museu) o ritual de retorno a Moscou. Existe um ponto dentro, de um círculo, no chão. Tive que pegar uma moeda, fazer um pedido e jogar para trás. Nem lembro o que pedi, mas acho que desejei voltar para Moscou novamente. Entrei na praça vermelha exatamente à meia-noite, pois os sinos anunciavam. Atravessamos a praça, em direção a catedral e eguimos até um pequeno mercado e compramos champagne barato e redbull para re-calibrar antes da balada. Chegamos a balada e no "face control", passamos tranquilamente e voilá, balada, aqui estamos. "Úrru, orra meu, a balada tava bombando, o som tava irado, as minas tavam muito lôcas a balada era insana, umas puta gostosa dançando ao som do DJ - Insano, mano". Nem lembro o que falei, me arranjei com uma russa, peguei, peguei o telefone dela, mas mal sabe ela que já era minha última noite. Lá pelas tantas, Nikolai, muito bêbado me puxa pelo braço e diz "John, lets go". Pegamos um táxi, eu, ele e Pascha e fomos para outra balada. Nem entramos, pois Nikolai não tinha condições e eu teria que acordar às 11 horas, fazer check-out e pegar o trem para São Petersburgo. Antes de ir embora, ainda conversei com uma outra russa, que cismou que eu não era brasileiro, mas sim Georgian, bom tanto faz. Hora de ir e como sempre, Nikolai parou o primeiro carro que passava, disse meu destino e acertou o preço. Pronto, estava a caminho do hotel.

Meu motorista era russo e falava pouco inglês. Era jovem e tinha um bom carro. Pelo que entendi, ele, também, saía de alguma balada. Fomos parados por policias duas vezes e em ambas às vezes olharam o porta-malas, cada parada não levava mais do que 2 minutos. Cheguei ao hotel, subi para meu quarto e essa foi minha última noite em Moscou, pelo menos, dessa vez.

Beba com moderação.

Paká.



2 comentários:

Julia Cotrim disse...

Você não pode contar qual foi o seu desejo!!

Joao Costa disse...

Shiiiii, marquinho...

Mas eu acho que foi isso.. hahah