17 novembro 2008

Crônica de uma não vida noturna internacional

Como alguns de vocês sabem: eu sou um boêmio. Talvez não seja um boêmio no sentido clássico da palavra, mas me considero um, desde que, há alguns anos atrás, recebi uma ligação de meu avô, em um sábado a noite, indagando porque seu neto, beirando os vinte anos, é tão boêmio. Porque um jovem de quase vinte não seria boêmio?

Segundo o escritor João Ubaldo Ribeiro, a "velhice não está na mente, está nas juntas". Seja como for, acho que estou em uma fase de poucas baladas. Eu disse poucas e não "zero" baladas e também assumo que não tenho tanto interesse em sair por sair, sem a companhia dos meus amigos, também boêmios,  que estão ligeiramente distantes deste que vos escreve. Calma aí, quem mudou fui eu, então sou que estou distante? Eu acho.

Há algumas semanas, uma conhecida, que aos poucos se torna uma amiga, veio morar nessa cidade onde, temporariamente, habito. Ela é um ou dois anos mais nova do que eu, mas sinto que em alguns, senão vários, pontos somos bem diferentes. O que é ótimo, pois aprendo com isso e espero que ela também.

Ela chegou na cidade e o termômetro dela é a vida noturna. Eu, que já estou aqui há poucos meses a mais do que ela, já tive o mesmo ímpeto, mas quantidade não é qualidade e me dou satisfeito por minhas caminhadas, pedaladas e meus passeios solitários imersos a contemplação das novas praças.

Sábado passado eu e minha amiga almoçamos em um restaurante qualquer em Chinatown e aproveitamos para trocar experiências sobre a vida Australiana. Tais experiências não cabem aqui, pois são produtos de mentes ociosas que ainda enxergam tudo com o olhar de quem ainda percebe diferenças entre o Brasil e a Austrália.

Neste sábado, ela sairia para a balada com duas outras amigas brasileiras que conhecera no Brasil e que, por sorte ou destino, estão morando em Sydney (Moro em Melbourne). Fui convidado a participar, mas tinha outros planos para o meu final de semana. Terminamos o almoço, batemos pernas pela cidade por mais algumas horas e nos despedimos.

Horas mais tarde recebo a primeira das duas mensagens de texto, por celular, que me divertiriam pelos próximos dias.

Às 22:48 recebo a primeira mensagem: "Tô aqui na Cheers, adoreiiii, vem pra cá. Beijos".

Repondi que ficaria em casa, mas desejei que se divertissem e que pegassem todos. Eu já falei que tem mais homens do que mulheres por aqui?

Fui dormir.

No domingo ensolarado, porém frio, percebo que havia recebido outra mensagem de texto, enquanto dormia.

Às 01:02 recebi a segunda mensagem: " O que acontece com essa porra de cidade que eu já gastei mais de 60 dólares e ainda não tô bêbada? Aliás, aqui fede a suvaco sujo. Não estou mais gostando".

Pronto, agora eu entendo porque existem os tais "esquentas".





Um comentário:

Julia Cotrim disse...

Haha... muito bom!