29 novembro 2007

Nunca se sabe...

Semana passada morreu o irmão do meu avô. Fui ao velório e fiquei chateado por ver meu avô e demais familiares tristes, porém aliviados (Meu tio-avô sofreu um bocado nesses últimos meses).

Não sou muito fã de velórios, mas o “bom” de velórios é que acabamos por re-encontrar amigos e conhecidos que não vemos há anos e este não foi diferente. Já havia visto o corpo do falecido e dado minhas condolências aos familiares mais próximos, fui apresentado a alguns membros da família que, provavelmente, só os vi quando nasci e, talvez, em algum outro velório e me despedi. No caminho para o carro, re-encontrei um dos melhores amigos da minha primeira infância. Ele conversava com outros amigos que, também, não via há muito tempo. Começamos a colocar o papo em dia e descobrimos que não nos víamos desde o velório de um outro finado amigo: Há quase 10 anos.

Muito papo e, Deus me perdoe por blasfêmia, muita risada. Despedi-me de meu amigo dizendo apenas “Até o próximo velório e só espero que não seja o seu ou o meu”.

Triste, mas verdade.

Fui para casa e fiquei pensando nesse lance de morte e funeral. Tudo isso é triste, sim, mas triste para quem fica, pois quem vai não pode reclamar muito. Talvez celebrar a morte deva ser o melhor jeito de comemorar a vida bem vivida. Talvez reconhecer a morte seja uma grande motivação para olhar para o lado bom da vida e, afinal, como diz a música a última risada será sobre você.

Sei que isso não me pertence e como não há outro meio, venho por meio desta externalizar meus desejos fúnebres no melhor momento possível: Em vida.
São poucos pontos e ainda não finalizados que gostariam que fossem levados em consideração, em caso de... expiração.

Ontem uma cigana me falou que irei morrer no ano de 2078. Pedi mais detalhes sobre a data e como, mas esses serviços de previsão nunca serão confiáveis, visto as más experiências que tive com metereologistas.

De qualquer forma, aí vão meus desejos recentes:

1) Quero ser cremado imediatamente os órgãos passíveis de doação sejam retirados do meu corpo.
2) As cinzas ficarão expostas entre de duas fotos minhas, sorrindo, de 60cmx30cm cada uma, em localização a ser definida.
3) Haverá música de fundo, mas nada de música gospel e/ou lounge (Lounge é muito chato). Pode rolar um MPB/rock e Los Hermanos serão sempre uma boa pedida.
4) Choro não será permitido, a não ser que seja resultado de algum impacto físico ou de alguma piada/frase lúdica discursada durante o evento.
5) Haverá papéis e canetas disponíveis a todos os participantes onde poderão escrever seus dados de contato como telefone, email, skype, fofokut ou outro novo meio de comunicação inventado até minha morte e, neste papel, haverá apenas uma frase com o seguinte dizer: Prometo lhe rever antes do próximo velório!
6) Discursa quem quer e fala o que quiser: Cagadas e roubadas são bem-vindas, mas prefiro contos alegres.
7) Minhas cinzas serão jogadas em um lugar a ser definido por quem se achar no direito de decidir, ou qualquer outra possibilidade.
8) Caso optem por enterrar ou guardar minhas cinzas, gostaria que os dizeres do epitáfio fossem "Morreu heroicamente salvando orfãos de um terrível incêndio" (Ok, essa eu copiei dos “Tenenbaums”).

E é assim e como dizia o poeta “Quem já passou por essa vida e não viveu, Pode ser mais mas sabe menos do que eu. Porque a vida só se dá pra quem se deu, Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.”



2 comentários:

O cara que senta ao lado disse...

Caro Johnny,

Em primeiro lugar, é apenas uma fantástica coinscidência ou é proposital esses anúncios google sobre Cemitérios e Coroas Fúnebres???

Em segundo lugar chegou o Massa e o título ficou com o Mika, não o Mika (aquele cantor ex-refugiado que está fazendo sucesso com suas músicas "alegres"), nem que Mika-Réga desse lugar, nem Mika-iu-Gorbatchov, nem o Mika-iu-os-butiá-dos-bolso, nem a Mika-Leoa-Dourada, nem aquele que foi na Mika-reta mas sim, Mika Hackinenn.

Mas, continuando o raciocínio, compartilho com vossa senhoria tal opinião sobre velórios. Confesso que grande parte da minha família tem um certo preconceito para com a minha pessoa pois, muitas vezes deixei de ir ao encontro de meus familiares para gozar de tal cerimônia para curtir uma festa ou algo assim. Afinal, nada pior do que chegar num ambiente carregado onde só entoam "Segura na mão de Deus e vai" e uma choradeira danada.

Desde a época que eu não possuía pêlos pubianos, eu já possuía tal sentimento a respeito de velórios. Com todo o respeito ao mortos em questão (avô, tios, tias e uma prima) eu ficava mais fascinado com o corpo em si do que com outras coisas. Lembro muito bem do velório de meu querido e estimado avô, no qual eu ficava analisando a textura da pele, temperatura, colocando o dedo na barriga, vendo o algodão no nariz, etc. Eu adorava o meu avô, não acredito que foi uma falta de respeito o que eu fiz mas, fui repreendido. Desde então, evito permanecer em velórios, e caso seja realmente necessário, sou daqueles que ficam lá fora contando histórias e revendo familiares e amigos.

Parece algo de filme americano, estilo "Tudo Acontece em Elisabeth Town" mas, se todos os velórios fossem assim, os velórios seriam grandes eventos.
Não ao ponto de "puta que pariu, vai rolar um velório tesão!" porque isso seria sacanagem. Mas algo como: "Não posso deixar de ir no velório do Joaquim, aquele que trabalhava na imobiliária Jaú" e ir com uma caixa de cerveja embaixo do braço.

Joao Costa disse...

Salvo seus desejos mórbidos, porém compreensíveis eu concordo.
Ótima lembrança do filme, hein? A trilha sonora é show e um velório movido a Freebird não seria nada mal. Na hora daquele solo de guitarra insano aí sim a galera pode chorar. hohohoho