22 novembro 2007

Amor Líquido - Sobre a fragilidade dos laços humanos


Tive a oportunidade de realizar uma resenha sobre um filme, texto ou livro para a matéria de Antropologia Cultural. Depois de muito procurar, e enrolar, algo que pudesse, também, me identificar, me deparei com o livro Amor Líquido de Zygmunt Bauman. No início folhei o livro e creio, até, que o capítulo indicado á ser lido e resenhado era outro, mas preferi ler e discutir o capítulo que fala sobre amor, o sentimento, e não Amor esse deus que tudo nos dá e tudo nos tira. Ou será que o sentimento tem a mesma missão?

O capítulo, Apaixonar-se e desapaixonar-se tenta explicar como o amor, ou a falta dele, afeta e rege nosso querer, nosso agir, nosso pensar e, porque não, nosso sofrer. O autor discute diversas teorias e pensamentos que foram sugeridos ao tema através dos tempos. Creio que o que prendeu, inicialmente, minha atenção sobre o tema e como ele é discutido, foi a citação que: "Quando se esguia sobre o gelo fino, a salvação esta na velocidade. Quando se é traído pela qualidade, tende-se a buscar desforra na quantidade". Essa citação faz pensar na profundidade de um único sentimento em distinção a troca de uma coisa que pode ser tão plena por pequenas gotas de paixões passageiras.

A não ser que tais paixões passageiras sejam amor. Sim, amor pelas paixões passageiras, porque não? Não iniciarei uma discussão sobre o que deve ser objeto do amor, ou até mesmo o amor de um pai por seus filhos ou, compreenda como quiser, o amor de Deus por sua criação, mas o objetivo proposto pelo autor é debater quais são as justificativas, racionais, ou não, que levam a este sentimento.

Logo no inicio do capítulo o autor comenta que nem o amor e nem a morte pode se atingir duas vezes, ou como não esperamos por ele. Sim, isso é verdade. Quando uma, ou ambas as coisas, juntam ou separadas (E para um amante, o amor não correspondido não é a mesma coisa que a morte? Creio que o jovem Werther, personagem de Goethe, o saberia dizer) nos atingem nunca sabemos ao certo o que deve ser feito e cremos que através da experiência adquirida durante os anos de vida, ou da experiência de outro, poderá nos valer em algo. Acredito que nunca saberemos plenamente como lidar com tais eventos, porém a preparação nunca é dispensável.

Outro ponto de vista é a discussão sobre a quantidade de amores que vivemos. Não deveria o amor ser único e durar para sempre a partir do momento em que ele nasce? Últimos romances, talvez seja isso a reposta para as diversas vezes que nos apaixonamos e depois nos desapaixonamos. De qualquer forma é que o amor é belo, no ditado mais piegas, e vem para gerar o belo.

Devemos aprender a amar, como diz um filósofo citado no texto, e termos a humildade de nos encontramos no outro e junto com isso reconhecer a importância da coragem em admitir que o outro é necessário e que todas as indagações sobre o passado, presente e futuro se encontram todas no receptor do nosso amor. Kafka tem razão: "Nunca saberemos o que é amar".

Desejar o objeto de admiração não é amor. Desejo é somente um modo de vingar-se de uma afronta ou de evitar a humilhação. Possuir algo para ter status sobre algo não é o mesmo que aceitar algo como ele é. Amor é a vontade de se cuidar, estar sempre a serviço do outro e não pedir nada em troca. Nada!


Visões românticas...


Os impulsos são transitórios, porém são sinceros. O que há de mais belo de não saber aonde o caminho termina e mesmo assim tentar trilha-lo? Porém devemos nos policiar de sempre seguir nossos impulsos? Talvez os impulsos nos tirem a responsabilidade, mas caso nos levem a caminhos novos e que estejamos bem, a responsabilidade ficaria em segundo plano. Pois não conheço uma simples alma que não tenha vontade de buscar sua felicidade.

Se relacionar é um investimento. Sim, relaciona-se com um porque um estará presente quando ficarmos sozinhas e desamparados do mundo. Ceder é a palavra da vez, diz um. E que tal se comunicar? Saber o que te agrada e o que me agrada, saber o que te incomoda e o que não suporto. Caso não ficássemos cegos pelo amor, conseguiríamos perceber tais momentos e diríamos o que realmente acontece e a sinceridade iria conduzir o resto do relacionamento, mas a verdade só aparece quando não concordamos com o outro, ou o outro conosco, e aí as discussões começam e a toda a racionalidade se perde.

Se tivéssemos relacionamentos sinceros de bolso, como sugerido. Como conseguiremos entrar plenamente em um relacionamento e atingir seu auge sabendo que caso ele mude e não seja mais o mesmo, o mesmo deverá ser esquecido? E não se esqueça de nunca perder a razão quando estiver em um relacionamento de bolso, pois bem, não é, as vezes, isso o que queremos que aconteça quando nos deixamos levar?

Quase no final do capítulo, assumo que vi a luz no fim do túnel e novamente assumo que é a luz no fim do meu túnel. Porque não se relacionar e permitir um algo mais com alguém que temos afinidade? Sim, isso me parece o correto. E claro, que agora esta fácil, só basta encontrar alguém com as mesmas afinidades, gostos e pensamentos. Complicado. Acho que o melhor é procurar ser completo, o meu completo, como outro filósofo disse e se encontrar outro completo, bom, a afinidade aparecerá. Pois como não dizem por aí: "Os opostos se distraem, os dispostos se atraem".

2 comentários:

Alinne Aquino Vidal disse...

Engraçado, esses dias minha professora citou uma Jornalistas que fez uma analogia com Zygmunt Bauman exatamente sobre Amor líquido.
Ela relaciona o amor líquido com o medo (gerado pela violência social). =]

Beijus

Joao Costa disse...

Interessante associação. Eu gosto do Bauman, depois que li esse texto acabei procurando mais sobre o que ele escreve.

Bjo