24 agosto 2009

Briga, confidências, um funeral e um aniversário



O dia começou com uma discussão. Filho e mãe, embora sejam, quase que, iguais, sempre discutem.

- Não sou surdo, precisa gritar sempre? - Diz o filho.

- Você nunca faz o que te peço! - Retruca a mãe.

- Nunca? Nunca? Você tem as estatísticas aí? - Gritou, logo antes de bater a porta do quarto.

Esse filho não é mais criança para o mundo, mas seus pais e ele não o sentem assim.

Será assim para sempre.

Assim esperam.


-/-


Trancado no quarto, lê sua correspondência.

Porque falamos aos outros o que gostaríamos de ouvir?


-/-


O vizinho morreu. Será enterrado hoje a tarde.

Era um senhor de seus 70 anos. Não me lembro do rosto dele. Sei que morava com sua esposa, agora viúva, e uma filha problemática, mas dócil.

Não quero ir ao funeral. Para quê? Por sentimentos aos vizinhos que não conheço? Outros farão o papel diplomático, eu não. Hoje eu não quero sair de casa.

Penso no velho.

Será que ele, quando tinha a minha idade, também era imortal?


-/-


A noite terminou bem. Comemorei mais um ano de vida. Não sofri nenhum sintoma de "inferno astral". Que bobagem.



Nenhum comentário: